Egito: Sharm el-Sheikh, um balneário egípcio diferente do Egito

Um paraíso de águas transparentes para descansar e praticar mergulho


Sharm el-Sheikh é um lugar cercado de praias paradisíacas, resorts luxuosos, restaurantes com culinária internacional, boates, bares, segurança, conforto, bons serviços, etc. Qualquer pessoa pode relacionar essa descrição a um balneário qualquer no Caribe, Mediterrâneo, Oceania... tudo, menos relacionar ao Egito, país desértico e muçulmano. Pois é, bem vindo a "Baía do Sheikh", traduzindo o seu nome árabe.


COMO CHEGAR?

A cidade fica localizada no extremo sul da Península do Sinai, banhada pelo Mar Vermelho.  Se você gosta de praia e mergulho, mas não faz questão de ver pirâmides e camelos, não tem problema, existe um aeroporto com vôos internacionais diretos vindos de várias cidades europeias. Estando na Europa, basta pegar um voo de poucas horas e pronto!

A única coisa aqui que me lembrava o Egito era a areia


Em todo mochilão longo que faço, planejo de forma a deixar a parte mais tranquila para o final, quando a energia vai acabando e um descanso é merecido. No caso do Egito foi diferente, o descanso seria em Sharm el-Sheikh, ainda no meio da viagem. Foi a melhor coisa que fiz pois viajar por conta própria no Egito é muito desgastante.

Pausa no meio da aventura para recarregar as energias


Cheguei na rodoviária às 18h30, depois de mais de 8 horas de viagem desde o Cairo, atravessando de ônibus pelo Canal de Suez. Peguei um táxi até o meu hotel em Naama Bay por 30 EGP (agosto 2014). Como sempre tive que negociar, o primeiro taxista estava pedindo 60 EGP, mas eu peguei a dica do funcionário da empresa de ônibus que um táxi para o centro é 25 EGP. Considerando a localização do hotel, paguei um preço justo.

Não só de turistas estrangeiros vive o balneário


Vendo a foto abaixo do hotel onde fiquei você deve pensar que me hospedei em um resort all incusive, mas se engana! Era o "simples" Novotel Sharm el-Sheikh da rede Accor (a mesma do hotel Ibis). Agora vou deixar duas coisas bem claras: a primeira é que Sharm el-Sheikh é um balneário de resorts luxuosos, ou seja, você não vai encontrar hostels, esse hotel que fiquei é um dos mais simples mesmo. Para encontrar hostels ou hotéis mais baratos somente na cidade de Dahab que fica a 95 km de distância, mas também é um excelente balneário. Um táxi até Dahab custa 150 EGP.

Novotel Sharm el-Sheikh


A segunda coisa a se esclarecer é: os preços são proporcionais ao baixo custo de vida no Egito, ou seja, os valores em Sharm el-Sheikh, apesar de serem mais altos que em Dahab, ainda são muito baratos para o padrão apresentado nos hotéis e resorts. Se duvida simule no Booking.com e veja que, dependendo da época do ano, é possível se hospedar em hotéis até melhores pagando a partir de R$ 80 por casal!!!

Por incrível que pareça, a hospedagem em Sharm el Sheikh é barata para o padrão apresentado 


PASSEIO DE PEDESTRES

Diferente de tudo o que eu tinha visto no Egito, as ruas de Sharm el-Sheikh são bem organizadas e estruturadas. Existe um passeio público de pedestres que passa entre os hotéis e a praia, chamado Pedestrians Road ou Coast Road. Além do acesso aos hotéis, seguindo ao longo do passeio é possível ver quiosques de agências de turismo, bares, restaurantes e lojas. No final do passeio se chega no centro turístico de Naama Bay.

Passeio que passa entre a praia, hotéis, restaurantes, bares, agências de turismo, etc, etc, etc.


PRAIA DE NAAMA BAY

A principal praia de Sharm el-Sheikh fica nesta baía cercada de resorts, mas com a tranquilidade de praia de interior. Estive lá em agosto, mês de verão egípcio, é quando a cidade enche de moradores do Cairo fugindo do calor infernal da capital. Mas apesar do verão ser a alta temporada dos egípcios nesse balneário, está longe de ficar lotado como as praias no Brasil. Muito disso se deve ao costume muçulmano de não beber nas ruas ou não mostrar o corpo, este último no caso das mulheres.

Frequentar lugares assim não é a "praia" dos egípcios


Porém, sempre existe aquelas pessoas que não resistem ao banho de mar. É bastante curioso para nossa cultura observar como as mulheres muçulmanas aproveitam a praia. Elas possuem uma roupa especial para ser usada na água, tanto no mar como na piscina.

Mulheres muçulmanas curtindo um snorkeling na praia, sem mostrar o corpo


Outro público que costuma frequentar Sharm el-Sheikh são os russos, principalmente na época de inverno, nesse caso, para fugir do frio infernal da Rússia. É comum ver placas de lojas, nomes de restaurantes e cardápios escritos em cirílico (grafia do idioma russo) mostrando a demanda desse tipo de turista na cidade.

Momentos de tranquilidade e meditação da turista russa


O hotel que eu estava não era nenhum all inclusive, mas tinha tudo para eu descansar os meus pés das botas que percorreram vários templos e sítios arqueológicos em 11 dias de viagem até o momento. Os hotéis na beira da praia possuem cadeiras e coberturas exclusivas para os hóspedes. Quiosques oferecem passeios diversos (pagos à parte) como o radical parasailing.

Dessa forma o sol pôde ser venerado como no passado do Egito


Merecidos dias de sombra...


... e água fresca, só assistindo a movimentação no Mar Vermelho


Os céus ficam coloridos com a prática de parasailing


Barcos fazem passeios para a prática de snorkeling nas partes mais fundas da praia


Olhe essa divertida boia rebocada no estilo banana boat


Mesmo na hora do descanso, eu não pude parar de pensar na história antiga, sendo aquele o lugar que segundo o Antigo Testamento, Moisés teria escapado da perseguição dos egípcios com um milagre divino: "Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas" (Êxodo 14-21). Eté hoje se discute se isso realmente aconteceu e se a ciência consegue explicar.

Essas águas tem história, Moisés e os hebreus que o digam


Afinal o Mar Vermelho é realmente de cor vermelha? Não, muito pelo contrário, as águas são extremamente transparentes, sendo um dos melhores lugares do mundo para a prática de mergulho. Dentre os principais lugares para mergulho próximos à Sharm el-Sheikh está a reserva natural Has Mohammed e a Ilha de Tiran. Várias agências de turismo organizam passeios nesse lugares que duram um dia inteiro de mergulho. Tá certo, e por que o mar é "vermelho"??? Por causa da cor de suas areias.

As areias grossas e de cor avermelhada deram o nome ao mar


Diariamente saem passeios para a prática de mergulho na ilha de Tiran 


Mas como eu não sou fã de mergulho nem podia ficar gastando dinheiro com essa atividade, aproveitei da minha maneira a transparência das águas. Mesmo na parte rasa é possível alugar snorkel para observar os diversos peixes que se aproximam sem temer as pessoas. Mergulhei sem equipamento na parte rasa mesmo e consegui me divertir assim, sem precisar usar o dinheiro. 

Os peixes não se assustam com a presença das pessoas


A água é bastante salgada e o corpo costuma flutuar, dificultando permanecer no fundo


Não precisa se afastar muito da margem para ter essa visão do fundo do mar


Veja como a água é transparente no Mar Vermelho


CENTRO DE NAAMA BAY

Apesar do ambiente agradável dos hotéis e praias de Sharm el-Sheikh, ainda é possível melhorar a diversão. Um lugar imperdível é o centro de Naama Bay, um lugar feito para quem gosta de agitação, repleto de restaurantes, bares, lojas, boates, feiras, mercados, bingos, cassinos e até shopping center. Lá é possível encontrar todo aquele entretenimento raro no restante do Egito e grandes redes como McDonalds, KFC, Starburks Coffee, Pizza Hut e o único Hard Rock do país.

Ruas planejadas, organizadas, limpas e sem vendedores ambulantes... nem parece o Egito


Diversos restaurantes e lojas modernas criam um ambiente agradável aos turistas


Hard Rock Cafe Sharm el-Sheikh


O melhor do agito vem pela noite. O lugar concentra todos os turistas que estão espalhados nos hotéis da região e fica lotado! Todo o comércio abre suas lojas que, apesar de ser um lugar tipicamente turístico, possui vendedores com um comportamento bem mais civilizado que no restante do Egito, que não assediam os clientes e oferecem preços mais justos, sem explorar o turista normalmente.

Curtir a noite no centro de Naama Bay é obrigatório


Apesar de turístico, os preços são bastante acessíveis


Um bar de estilo árabe com um anão devidamente caracterizado recebendo os clientes


Boate moderna de música eletrônica existente em vários lugares do mundo, como em Búzios-RJ


O islamismo, cristianismo, budismo ou qualquer outra religião convivem em festa nesse lugar


Comprei as lembranças do Egito nessa cidade, com preços melhores que Luxor


UM POUCO DE AVENTURA

Uma outra atração para quem visita Sharm el-Sheikh é subir o Monte Sinai, o local em que Moisés teria recebido as tábuas dos 10 mandamentos. É um passeio organizado por agências e com a presença obrigatória de guias, mas não é encarado por qualquer turista. Para chegar no alto desse monte, eu teria inclusive que mudar meu planejamento inicial, mas isso eu conto no próximo post.


MEU ROTEIRO

Anterior: CANAL DE SUEZ

Roteiro completo: MISSÃO EGITO

Próximo: MONTE SINAI


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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.