Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio

A volta ao passado distante do Brasil


A partir da cidade de Andrelândia-MG fui explorar o pouco conhecido Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio. Ao encontrar com o guia em frente a estranha igreja dos dedos, ele partiu de moto guiando o caminho até o Parque Arqueológico. São cerca de 5 Km em estrada não pavimentada até a entrada do Parque. A última subida é meio complicada por causa do terreno.

Dá para perceber que pouca gente visita aquele local


O Parque estava fechado e foi aberto pelo próprio guia


O Parque Arqueológico Serra de Santo Antônio foi criado numa área em que havia uma capela de Santo Antônio, por isso esse nome. Mais tarde, a capela foi destruída por um raio e a imagem de Santo Antônio foi removida para uma gruta e então, com a criação do Parque, a imagem foi transportada para outra capela, mas deixou seu nome na Serra. Um paredão de 650 pinturas rupestres é o principal atrativo e motivo maior da criação do Parque.

Placa da entrada do parque arqueológico


VISITAÇÃO AO PARQUE

O Parque funciona de terça a domingo, de 09h às 16h, e sua visitação só pode ser feita com acompanhamento de guia. A entrada é de R$ 5 por pessoa e o acompanhamento de guia é de R$ 30 por grupo de até 10 pessoas (valores de DEZ 2013).

A natureza ainda preservada com o paredão rochoso ao fundo


Contatos para a visita ao parque: Sr. José Marcos (35) 3325-1006 / 1439 e o guia Rodrigo (35) 3325-1724 / (35) 9147-6280.

Apesar das trilhas sinalizadas, o acesso é controlado pelos guias


GRUTA DOS NOVATOS

A gruta é o primeiro desafio para quem quer visitar as pinturas rupestres. Trata-se de uma fenda rochosa com cerca de 12 metros de extensão por onde todo novato na exploração da área tem que enfrentar. Depois de passar pela fenda é que se tem uma surpresa.

No caminho para as pinturas rupestres é necessário passar pela gruta



Uma escalada "meia boca" para atravessar o obstáculo de pedra


PINTURAS RUPESTRES

Se caminha por uma rápida trilha até o local das pinturas. Para os pouco interessados em arqueologia, pode parecer uma mera arte antiga, como os atuais grafiteiros fazem, mas existe algo de mistérios nessas figuras, primeiro pelo fato de terem sido feitas apenas na mesma área do paredão de pedras apesar das várias gerações de pintura. 

Uma plataforma de madeira delimita a passagem



A área do atual Parque Arqueológico foi adquirida por uma associação de moradores de Andrelândia para a preservação da área. Antes a área não tinha controle, tendo sido relatado pelo Rodrigo que os tratores removendo o solo acharam (e quebraram) vários objetos arqueológicos. O dinheiro para comprar o terreno veio de rifas organizadas pelo grupo que cuida atualmente do local e os objetos encontrados se encontram guardados por eles.

Mensagem aos visitantes



Pois é, o parque é particular e não recebe nenhum incentivo do governo e, de acordo com o próprio guia, se estivesse nas mãos do governo não restaria nada mais para visitar.

Pixação feita por algum idiota nos anos 70


Qual teriam sido os motivos de se concentrar os desenhos nesse local? Seriam parte de algum culto? Seria algum conhecimento arqueológico codificado? Sem estudos no local e com o descaso do governo tudo permanecerá um mistério.

O guia Rodrigo esclarecendo sobre alguns estudos dos desenhos


OS SÍMBOLOS DO PASSADO

Num espaço de 50 metros do paredão rochoso estão mais de 500 figuras geométricas e zoomorfas, que foram conservadas ao longo dos tempos por estarem abrigadas da chuva. Mas até hoje não se sabe ao certo o significado desses desenhos e por que foram concentrados apenas nesse espaço dentre tantas outras rochas. Alguns consideram que são registros de conhecimento astrológico. Já que o significado se perdeu no tempo, vamos então tentar decifrar...

Um ponto com linhas que divergem costumam se referir a uma estrela e seus raios


Triângulos invertidos em sequência. Seria um sistema de contagem? Talvez cada forma geométrica represente um período de tempo


Os desenhos estão concentrados e são feitos nas cores vermelha, amarela poucos traços brancos


Este parece representar um sol


Quadrado com um círculo no centro


Também existem linhas paralelas preenchendo espaços no desenho que lembram um pouco as linhas de Nazca, no Peru. Se teriam a mesma função daqueles geoglifos não se sabe.

Desenho de linhas pararelas



O beija-flor de Nazca


Vamos agora compare com os desenhos da Pedra de Ingá, localizada na Paraíba. Aquela pedra também concentra vários desenhos no mesmo espaço. A figura abaixo parece representar um bloco com divisões diferenciados, inclusive, por cores. 


Blocos com divisão


Desenhos feitos na rocha da Pedra de Ingá, Paraíba


Repare que além das figuras geométricas com divisões, vemos um desenho parecido com um lagarto. Não só na Pedra de Ingá ele se repete, mas em muitas outras pinturas pelo Brasil.

Suposto lagarto desenhado entre as figuras desenhadas


Veja o desenho num ângulo mais amplo


Também observamos muitos círculos, esses são outras figuras consideradas comuns. Muitos são círculos concêntricos. Eles parecem representar discos ou astros, algumas vezes associados a outras figuras, como a do lagarto. Veja abaixo alguns exemplos:


Um pequeno "lagarto" ao lado de um disco branco



 Círculos concêntricos, ou disco, passando por linhas onduladas



Estes são discos concêntricos em maior número


Outro exemplo de pintura rupestre que se assemelha ao encontrado em Ingá


Círculos concêntricos da Pedra de Ingá


Abaixo uma variação de círculos que mais parece um olho observando toda a cena. Teria o mesmo significado do Olho de Hórus do antigo Egito?

Um olho como o de Hórus nas pinturas rupestres


O guia me fez atentar para este desenho abaixo. Novamente vemos triângulos, dessa vez em oposição entre si, mas uma curiosidade é que eles estão localidos no início e, a mesma figura, se repete no final. Não existem desenhos fora dessas marcações. Estudos sugerem que estes sinais teriam a função de iniciar e concluir a mensagem, semelhante às nossas pontuações ortográficas.


Novamente os triângulos, dessa vez como algum símbolo de fim de texto


OUTRAS ATRAÇÕES DO PARQUE 

Após a visita às inscrições, a trilha segue por um percurso curto que passa pela Itapira que significa “pedra inclinada” e se pode tirar uma foto engraçada sustentando o seu peso.

Itapira, uma pedrinha no caminho que eu tive que retirar 


A trilha continua ao longo da rocha. Segundo o guia, existem relatos de avistamento de OVNIs sobrevoando o local. Ele contou também que um ufólogo paulista já afirmou que vive um ET no alto da pedra. Se é loucura ou realidade eu não sei.

Lendas de OVNIs no alto do Paredão


Subindo pela trilha se chega na Pedra do Gavião que é um mirante de 1.150m de altitude. De lá se tem uma vista privilegiada do vale e do paredão de pedra.

 Mirante da Pedra do Gavião


Outro local com uma bela vista da área do Parque e um dos pontos mais altos dele é a Pedra dos Amores (1.212m de altitude).

Final da tarde na Pedra dos Amores


Para mais informações sobre o Parque acesse este site.


GASTOS DO DIA (valores de DEZ 2013)

Entrada no Parque – R$ 5,00

Guia – R$ 30,00


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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.